domingo, 12 de agosto de 2007

Vô Chiquinho! Feliz dia dos pais...

Existem momentos assim...
De tanto medo, tanta ansiedade, tantos sustos, coração apertadinho, vivendo em uma fase tão detestável que tudo que eu mais queria era estar no quintal da minha Vó Leopoldina sob os olhos do meu Vôdrasto Chiquinho.
O jardim defronte à casinha de madeira era repleto de borboletas, a velhinha nunca bronqueava com meu tio que punha pimenta nas flôres e mandava eu cheirar.
Vô Chiquinho se enroscava em meus cabelos, enfiava seu narizão neles, esfregava a barba em meu rostinho e dizia:
- Que cheirinho gostoso!! Minha fia usa sabonete...
Ao receber meu beijinho, ele dizia:
- Obrigado, obrigado...
A gente dava milho pras galinhas, arrumava os galhos que virariam vassouras pelas mãos hábeis dele, recolhia os cavalos e bodes no curral, tomava banho de balde com chuveiro e jantava a comida detestável de minha avó, tudo de colher. E, quando a coisa tava preta comigo, meu avô pegava o relógio de bolso dele e me ensinava as horas, calmamente...
Pra receber esse carinho, eu enfrentava viagem de caminhão, só para não viver nada de ruim por alguns dias. Agora, tenho mais de 40 anos e presumo que deveria saber dar amor como avô, mas nem faço idéia. Não sei me amar e muito menos me convencer que tudo pode vir a ficar bem. Eu não sei.

Saibam que lí um texto, falando do arroz e da batatinha da avó. Fui obrigada a adaptar para meu Vôdrasto, e enquanto buscava as palavras do vivido ao lado dele, tenho certeza que Deus o pegou no colo lá no andar de cima...

Me ensina tudo de novo Vô Chiquinho???

Auuuuuuuuuuuuu

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